segunda-feira, 20 de abril de 2009

"You make me feel like a bath"/"I don't know what kind of girl I am"


Domingo producente.

Saio da cozinha, almoço de meninas: mamãe, Rita e eu. Pastel. Rita não ganhou, obviamente. Me jogo no sofá e, zapeando, encontro um dos meus filmes favoritos: Empire Records (1995). Acho que ele tem algum título em português, mas obviamente é besta.

O filme é sobre um dia na loja de cds com esse nome (since 1959) e seus empregados. Cada um com seu problema. Cada um com seu toque especial. Tem a suicida que raspa o cabelo, tem o artista pobre, tem a perfeitinha viciadinha, tem a turbo-slut (amei a definição), tem o paizão, tem o retardado, tem o caso juvenil.

Todos se unem para um bem maior: manter a loja sob o domínio do rock'n'roll. Claro, cada um lidando com seus problemas e fazendo o que consegue. Tem show no telhado e tudo. E as histórias pessoais são mostradas de maneira diferente, fugindo de clichês e de choradeira. Tudo muito róquênrôu fanfarrão. E criticando a indústria musical de maneira mais escrachada.

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Mais tarde, assisti (finalmente) a Juno (2007). Uma garota de 16 anos incrivelmente espirituosa e cheia de falas que nunca sairiam da boca de uma adolescente dessa idade. Tudo bem, mas mesmo assim me orgulho e penso que se for pra ter um filho um dia, que tenha aquela presença de espírito. Talvez não seja impossível. Só os jovens de hoje que são uma merda sem criatividade e me fazem odiar gente mais ainda.

Juno ouve The Stooges, Patti Smith e The Runaways. Ela engravida do melhor amigo, viciado em tic-tac laranja. Ela é a esquisita com influência punk e mãe que a abandonou, mas tem uma melhor amiga líder de torcida e uma boa família em casa.

Ela é a casa da contradição, já que Diablo Cody (a roteirista, amiga de um amigo) lembrou que, afinal, Juno é uma jovenzinha. Ela não consegue seguir em frente com o aborto e encontra um casal para adotar seu bebê. Ela meio que quer fazer parte da vida do casal ("I sort of liked becoming furniture in your weird life", ela disse) para se aproximar do que ela considera um amor que dure para sempre.

Juno questiona a durabilidade do amor, o seu prazo de validade. Mas confia nele, mesmo assim. Com humor ácido e provocativo, o que me cativou profundamente.

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O que une os dois filmes é a excelente trilha sonora. Um, com aquela influência grunge e pós-punk, smells like the 90's. Outro, com um casal folk que gruda. Ainda mais a musiquinha no final, que é cantada pelos protagonistas. Não tem como não ficar cantarolando "we sure are cute for two ugly people, I don't see what anyone can see in anyone else... buuuut you".